
(foto retirada do filme "Shallow Grave")
— Sinto muito — o homem bem vestido me disse.
Mas eu sabia ser insistente — Senhor, você pode me ajudar?
— Não ouviu a minha resposta, menina?! — ele rebateu.
— Sim, claro. — lhe disse — E o senhor respondeu a minha?
— Eu disse sentir muito.
— E o senhor sente? — Não, ele não sentia. — Pode me ajudar agora?
— Não. Estou ocupado, suando, trabalhando, rezando para que meu oponente esteja dormindo. Eu não preciso dormir. Posso ficar acordado a noite inteira, aqui, de olhos bem abertos, enquanto ele perde a hora e perde a cadeira em que amanhã estarei sentando em seu lugar- -
Ele asfixiou, em momento algum respirando, e morrreu ali mesmo na minha frente. Eu nada pude fazer, afinal ele me convenceu.
Eu era mais importante do que ele, aliás, meus objetivos ainda são mais importantes que seu corpo sem vida, jogado no assoalho frio daquele escritório aconchegante, enrijecendo, e... Ao fim, apodrecendo lentamente.
E lá o deixei pois tinha muito o que fazer: precisava terminar o melhor post do melhor blog, conseguir o melhor emprego para a melhor business woman, fisgar o cara mais bonito para a amiga mais batalhadora.
É triste, mas - por favor - Não concordem comigo.
Se descobrirmos algo em comum nos armaremos
Se descobrirmos algo em comum nos mataremos.
Ah! — A competitividade! — Não há nada mais amargo, certo e inevitável. E não muito lhe custará, caro leitor.
Talvez, apenas, profundas olheiras ao redor de seus olhos cansados, alguma frieza, muita garra, poucos amigos, muitos domingos tediosos, bons lençóis, um gordo salário e ninguém pra chamar de irmão.
... Bem, é o que eu acho, mas não estou mais tão certa disso.
'olga
1 aplauso(s):
amos seus textos olga' continue postando, por favor (:
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